sexta-feira, 17 de março de 2017

A NOSSA ÚNICA MÚSICA

Ah Música eternamente soberana! Fica claro que sentistes dores atrozes ao te invadirem nas esquinas e becos as embriagadas vozes humanas. Assim como faz o destino em desatino corte, rasgando os tecidos puros nas agulhas de teares algozes, modificando panos em planos apenas para cobrir essa nudez herdada, fugida do paraíso, fingida de alguns e disfarçada hoje, pela vergonha de todos do nascer até a morte de quem tanto foges. O Hoje do agora destrói a pureza da vida na música que anda a tocar a noite afora modificando a natureza de muitos ao romper da aurora. Ô seres diz, humanos, porque modificas da beleza de tudo e de todos os rumos e planos? Deixa todo esse engodo esparramado ao lodo, minha adorada mulher, venha aos meus braços quando quiser. Deixa no aperto de meus braços rijos e deixa em mim essas tuas atuais felinas dores da vida atrozes. Venha só tu e essa tua caixa de música, alegrar nossos dias e noites que teimam em fugir de nós tão velozes. Seremos donos desse nosso mundo sem juízo, tendo a nos cobrir apenas essa humilde choupana. E viveremos tendo nos olhos a beleza no olhar daqueles que sabem se doar apenas a quem se ama. Teremos a nos fazer companhia, o barulho bom na beira mar, o sol nos dirá bom dia e a noite nos dará uma constelação de estrelas a brilhar no entorno da grandeza do luar. Seremos só o amor sobre o balanço da minha jangada neste mar calmo, que insistirá em dessa nossa valorosa e invejada alegria compartilhar.  E então Senhor só uma coisa te peço: Deixa ser meu esse sonho e esse chão. Não permita Deus que eu morra às ruas diante dessa cruel e insensível multidão! E quando eu ou meu amor se for, que entoem os anjos de toda cor uma breve e bela canção, para que esta silencie possíveis ignorantes desafetos, invejosos de plantão.
Lanzoner Navegante de Outono




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