domingo, 26 de março de 2017

FALSOS PUDORES

Falsos pudores dedicados a nudez a quem imputas horrores, esquece-te a quem dedicastes teus maiores amores? A mãe que te fez ver a luz nua e sem temores, embora sofresse no corpo ao ventre, lancinantes dores. Ah meus pensamentos impuros te vêem linda e nua, recebendo o brilho da lua em teu corpo que me alucina, pois cobre-lhe o corpo todas as cores que consentida por Deus, irradias amores. O que somos então, senão falsos atores nesse mundo de julgadores! Respeita a mulher nua, sem jóias e valores, o que há de feio para proibir-se em preconceito velado, ver-se uma bela mulher nua ou um rude corpo pelado. Cobiças na mulher as cores da romã e imputas a Adão e Eva  pecados, em jardim de maravilhas, pela pobre serpente e pela vermelha e saborosa maçã e esquece-lhes as virilhas. Vejo mais pura a mulher nua de corpo em semblantes, do que a mulher que ali vai em vestes exageradas que assim acha-se digna de quintilhas, deixando a amostra seios também belos, todavia exuberantes! Ora censor, seja você quem for, reflita e te acalma! Dos corpos que também cobiças, julgue apenas suas almas! Esqueça-lhes então na exuberância os doces dotes e olores e também todos os seus movimentos ladinos que enchem este mundo masculino de fantasias em indisfarçáveis pendores. Concentra-te apenas no que pode ela oferecer-te em adição aos teus desenganados amores.
Lanzoner das Brisas Leves de Outono




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