segunda-feira, 27 de março de 2017

JEITO SIMPLES DO CAMPO

Do jeito mais simples que existe, é assim que queria viver! Se pudesse e se meu Deus quisesse, deixava tudo pra trás, pegava a minha trouxa de roupa e ia esperar o trem. Pra onde eu ia? Pra onde canta a cotovia, onde pudesse ter bicho de cria, onde homem ainda é José e mulher ainda é Maria, Onde apenas os passarinhos fazem a sinfonia, onde possa andar livremente, sempre feliz e contente sem ter que esperar sinal abrir pra de carro me desviar. Sentir só cheiro de mato e de um riacho a correr, pisar descalço na grama ao lado de quem me ama, comer jabuticaba como amor até me fartar. E a sombra das cerejeiras esticava minha rede rendada sentindo o perfume da vida que o gosto da terra nos dá. Existe coisa mais linda que um vasto campo de milho com cabelos a balançar ao vento! Por baixo perfeitos grãozinhos enfileirados por Deus. Por essas e por outras é que eu sempre penso: Sentimentos que para alguns são sublimes, para outros podem parecer simplesmente ironia! Quando jovem ouvia muitas vezes eu te amo, pouco acreditava, talvez estivesse agindo de forma errada, mas do amor de verdade, pouco ou quase nada sabia! Hoje a maturidade me ensina um jeito novo de amar a cada dia, e por mais que possa parecer irônico, aquele que mais me emociona e ainda me faz pensar é o puro amor simples e platônico das caboclas e dos caboclos nas festanças dos arraiás. Que não me faltem então carinhos e que não me espetem os espinhos dos meus doces ananás. Voltaria então pra casa festivo, tirava as botas e pisava no meu rancho de chão batido e esperava feliz mais um dia de amor chegar. 
Lanzoner Navegante de Outono




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