Abrindo a porta do meu sonho, entra a morena tão linda e serena com sorriso de bem-vinda sempre igual. Dona de longos e crespos cabelos negros, caídos sobre os ombros delgados escorrendo pelo bem formado colo bronzeado, vejo então o lindo, perfeito e sadio vão dessa separação natural. Foi da seiva do seio da terra que alimenta que me isolo deste solo nesse colo que meu coração consola. Do botão da blusa que empurrado pela paixão salta fora provocado pelo meu desejar que aflito em meu olhar te devora. Provo do alimento primeira semente, e no brilho do olhar da menina esperta dos teus olhos, me ponho a divagar nas curvas desse teu corpo delicado e quente. Vejo então a vertente da cristalina nascente que desce escorrida de montanha imponente, forma riacho, ribeirão, lago, lagoa, faz um rio gigante onde mansamente desliza sem remos minha valente canoa. Me lanço todo nessa doce aventura, sem barreiras, sem censura. Viajo atento para as corredeiras que vem adiante e, mais a frente deslizo em uma cachoeira abundante, a banhar a linda cabocla na natural piscina que dona de corpo esguio moreno e ardente, deixa a água que sorvo aos demorados goles tão deliciosamente oxigenada enlouquecendo-me em sonhos deste meu coração viril e valente. Sou de outono, sou navegante, navego suave nesses lindos lábios vermelhos demoradamente febril e quente. Esse é o início da junção do tremor, delirante e doce sabor de amor ao coração, do gozo em emoção a burlar a razão da força que enreda toda a minha mente. Me deixo levar nessa corrente, já não sou o homem maduro, remeto-me ao passado de juventude tão deliciosa sagaz e inconseqüente! Nada mais ao meu redor me importa, só quero embrenhar-me nos braços dessa minha deusa morena, de colo farto e boca pequena, doce desejo que me alcança, me toma como criança, me escolhe, me prende, me enreda, me enlouquece, me engole, me cansa e deliciosamente me acolhe em seu corpo, onde deliro até onde a minha fértil imaginação em fantasia me lança. Só nós, só o desejo aliado ao mais sadio momento de amor, nos deixa nus de pudores como qualquer indefesa e inocente criança. Eis o poderoso rio que sempre na mesma direção avança. Vai ao mar, amar, de amor, sem parar em seu leito sinuoso de amor levando em seu bojo a minha mais desejada esperança! Mergulho fundo, pois quero afogar-me dentro desta nossa noite inesquecível agarrado antes que se perca de nós essa mais valiosa lembrança!
Lanzoner Navegante de Outono
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