Mulher, porque nesse calabouço de amores pretendes sempre me fazer entrar, porque estás sempre a se fazer de caça para melhor poderes caçar. Porque fazes do amor um jogo, onde sempre queres e sempre consegues ganhar? E nós homens invariavelmente tolos, não cansamos de apostar. Que saudades da menina acanhada, que quando cortejada em uma palavra mal falada, se fazia ruborizar. Já não posso te chamar de pequena pois tua estatura se mudou, perdestes a pureza no olhar, entrincheirastes teus pudores e teu puro amor duramente enclausurou! Já não posso de chamar de minha menina, pois embora tão jovem venenoso cosmético já te transformou. Já me fazes tanta falta, frágil e trigueira pequena que meu coração jovem e puro tão docemente cortejou. Não deves culpar os bons, pelo mau que apenas um em tempo inconseqüente te causou. E nessa atual juventude aturdida, deu-se espaço a más opções de vida, onde o saudável e puro romantismo tragicamente se perdeu. Acho-me agora obsoleto, já não me basta compor sonetos e tampouco fazer solfejos, para quem não quer solfejar. Isso é como ensinar canto a corvos ou no deserto pregar! Jogo ao léu estes versos e que os alcance quem os quiser alcançar, pois não posso dar mais luz a lua nem as estrelas realçar. Mas espero que mesmo entre a sombria opacidade da fuligem desta cidade perdida, em qualquer parte ainda reste saudável vida, onde hajam jovens com meigos sorrisos e algum encantamento no olhar! Ou enlouqueçam todos e caminhem sobre folhas caídas deste outono e só vejam flores ao teu redor, em alamedas que vivemos sempre a caminhar. Nessa acelerada vida que sempre está a recomeçar. Não deixes essa selva de pedra os teus sentimentos engolir, pintem-na toda com encantados lápis de colorir pois o que realmente importa nesta vida é viver e amar. Sempre que um amor se vai o tempo e a brisa um novo dia , um novo amor irão te ofertar.
Lanzoner Navegante de Outono
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