segunda-feira, 27 de março de 2017

LABIRINTO DAS RIMAS

Se um dia em qualquer breve instante que seja, já perdido no labirinto das rimas e num etéreo momento a poesia calar-se de vez em mim. Queria houvesse silêncio em minha mente e coração afinal. Pois liberto então dos sentimentos que moviam a emoção que me era tão natural, jazia! Tomara agora soubesse que a poesia perfeita já havia sido feita, assim já em mim então a luz se faria! Mas sublime mesmo seria saber que mesmo com a minha vida em epilogar, houvesse na alma de uma linda jovem, que ainda mantivesse em seu coração a pureza de sentimentos a guardar, percebendo minha ausência, deixasse apenas uma isolada e diáfana lágrima de cristal, em seu tenro rosto, suavemente por mim em doce clemência a rolar. Pois eis que comigo a promessa das rimas partia. E presa na ilusão que ainda nela havia para o seu jovem amor com não pouca insistência encomendara uma breve e inacabada poesia. Mas agora já em meu translúcido espectro somente uma coisa me bastaria. Que me fosse concedido pelo grande pai, o dom de ver que entre as rosas do meu já maltratado jardim, ainda havia ao menos uma que isolada chorava por este velho e pálido jasmim. Restando agora uma última oração: Senhor humildemente te imploro enfim: Prepare agora solo fértil para que germinem fortes, todas as sementes espalhadas por mim!
Lanzoner Navegante de Outono



Nenhum comentário:

Postar um comentário