É na madrugada silente onde a quietude é plena e o luar se demora, que a inspiração viaja afoita esperando que o poeta insone sem perguntar seu nome a possui e a devora. É um possuir consentido, uma troca de confidências e de palavras confusas que juntas como um casal de enamorados fazem o amor brotar delas. Escancaro então deste meu bem aventurado peito para todas as portas e janelas. Vejo lá fora um amanhecer claro e manso, astro rei escondido teima em não aparecer. Mas eu, bicho do mato, sei que o dia será belo de fato, agradeço a Deus por mais um ato no palco do seu teatro, troco chinelos por sapato, acordou feliz meu coração. Soergo-me em minha persistência sublimo minha existência vou a casa do pão. Pessoas desviam olhares outras olham pro chão, elas já não se cumprimentam perderam a educação. Vejo mulheres na fila e vendo seus olhos cansados, percebo que lhes é pesado o fardo de viverem se doando e não recebendo a mais doce emoção. Entristece-me vê-las assim, mas lembro que se algo lhes falta, foi culpa de sementes da paixão mal plantada em terrenos inférteis, gerando ao invés de amor e carinho, falsas expectativas, vida em desalinho, um jeito de amar sozinho e agora sobra em mim comiseração. Ora escravas do lar senhorio, apenas em obrigado leito frio sonham com amor e emoção. Para não me entristecer de fato, embrenho todo o meu corpo no mato, lavo minha alma no rio, amo forte a mãe natureza em toda a sua beleza e retorno ao lar renovado, sabendo que continuarei olhando nos olhos de quem caminha ao meu lado em qualquer situação. Não me importando com as palavras turvas, pois sei que a minha não faz curvas pois saem da verdade existente em meu já cicatrizado coração.
Lanzoner Navegante de Outono
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