domingo, 26 de março de 2017

FOLHA DE OUTONO

Sou como folha solta ao vento nesse outono que é só meu e vôo leve e devagar, chego a terra, a nascentes, aos lagos, aos rios , mas prefiro sempre a me embalar as infinitas ondas do mar, elas me trazem a areia morna, mas sempre voltam pra me buscar. Borboletas e mariposas sempre voam atrás de mim confundem a cor das folhas de outono com a cor das flores de um imenso jardim. O bater de suas asas me ajudam a me afastar, cada vez mais longe de onde talvez eu devesse ficar. Já Não podem humanos, sequer ver nelas além da beleza de suas asas, algum sentido de vida enfim, grande parte da vida em casulos, depois uma lagarta horrível e gosmenta se arrastando nos galhos das árvores, mas é o amor eis enfim nossa osmose. Presto! Eis a metamorfose. Uma jovem e  linda borboleta azul a seguir uma folha vermelha, onde da vida apenas uma breve centelha há.  Mas sou poesia, canção, sou também parte do mais belo tapete que cobre o chão, onde casais enamorados vão passar. Com sorte alguma linda mulher me pega e me põe a uma página de um livro bom de romance a marcar. Tudo é usado pelo que a bela natureza há de mostrar. Mas acreditem algumas pessoas reclamam de mim... Dizem que eu sujo o chão do jardim! Que absurdo sem fim, como se todos os humanos não tivessem dentro de si uma sujeira que não se pudesse mover as tornando tão ruins! Ah mas se não fosse folha eu seria ave de avir, pelos prados a planar e lá do alto poderia ver tudo e todos que pelo amor vivem ainda em seu devido lugar e outros tantos tolos levando a vida a se sepultar. Mas sou folha solta de outono nas brisas leves me deixo navegar, unido a outras ajudo o chão a ficar fértil pra semente do amor germinar e depois como o amor, posso até  adormecer, envelhecer e sou também como a flor, fragrâncias são tiradas de mim, enfeito a paisagem da vida e muitos quadros já ousei inspirar. Sou o amor eternizado, na queda não me vi machucado e antes que outro outono chegue estarei a navegar, nos braços e mãos do nobre poeta que sempre me põe jovem e esperta sob a luz do luar. Pois uns de pronto entendem o amor. outros, a divagar.
Lanzoner Navegante de Outono



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