Caminho, perseguindo-te de mãos dadas com o impiedoso tempo, vivendo preso nas entranhas estranhas dessa indesejável estrada de leais mas talvez irreais expectativas, que esse teu incerto amor insiste em despertar em mim. Anseios, que mesmo nessa tua agora premeditada ausência, tenta fazer em mim morada uma saudade irremediavelmente cativa e intensa. Até nuvens encobriram a lua desorientando-me o norte e tirando-me a inspiração que julgava assertiva e forte. Sigo por caminhos de amor ora incerto mas sigo te amando mesmo nesta sensação de deserto. Nada há em meu odre que em mim aplaque a sede de ti e sorvo-te em exagerados goles de doces lembranças que agora jazem na imensidão dessa solidão que minha carne corta, sinto-te cada vez mais longe, embora meu coração te pressinta perto como se fosse você e não o vento que bate à minha porta. Sei que vai longe de mim essa tão doce imagem, mas esse teu corpo moreno, ainda agora aviva o fogo desse amor aceso em minha viagem, embora nesses caminhos da solidão desertos me obrigue a ver-te apenas como alucinante miragem. Resta-me então apenas uma única pergunta neste desatino: Será que ao invés do antídoto, não fostes tu o veneno dessa minha viagem sem destino?
Lanzoner Navegante de Outono
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