São três horas desta madrugada fria e insone, que quase vazia de sons, faz-me sentir a voz de quem há muito não vejo e nem ouço o nome. Dessa nossa música sem piano cujas notas já não solfejo, já nem sei em que tempo de verbo jaz o muito que não escrevo. Falta-me ainda a inspiração que desejo, falta-me toda ternura que havia em ti, assim como esse seu ardente e incomparável e agora perdido beijo. Hoje qualquer sussurro meu ou teu, soaria como um gemido e nessa madrugada calma, por todos os insones seria ouvido. Mas assim como essa tua ausência ainda se faz em mim assim tão presente dessas horas tardia, confunde-me a mente, sentir seu cheiro, nessa pele macia, desse sentido que meu coração acaricia. O seu gosto em minha boca permaneceu, mas o meu pensamento cruel te afasta e essa vontade de enlouquecer, aos poucos me enternece e me acalma. Como se independente do que quero, o tempo passasse e silenciasse o que já vai hoje descontrolado, enraizado em mim nesta sua ausência que minha mente assedia, acelera meu coração e que faz essa indesejável, fiel solidão companheira sem fim, roubar-me as palavras esvaziando-me a alma. Saudade, Inevitável sentimento! Para tal doença não há lenitivo. Fui e sou escravo deste amor perdido. Acordado pensando em ti eu sigo e se em meu sonho estás sempre comigo, creio que assim será enquanto neste plano estiver teimosamente este meu reles corpo vivo.
Lanzoner Navegante de Outono
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