Dessa lua invadida que nunca terá dono, nessa telúrica noite suave de outono, deito em ventos brandos minha nau a navegar ao léu tendo a cobrir-me todas as estrelas do céu. Como fora o último navegante dos luares patronos e em minha já pobre inspiração, deixo-me flutuar nas lembranças dos meus namoricos de suaves beijos mornos. Onde o mundo era meu por convicção plena. Tudo era eterno, breve, leve, paixão da juventude ora inquietante, ora serena. Amar assim valia a pena, quantos lábios não beijei, sempre a boca pequena. Defeitos! Nossa como os tenho! Virtudes, sabe Deus! Acho que já amei tanto e com tenacidade tamanha, que até deixei que me levasse o tempo, a juventude perder. Sempre fui um homem simples e talvez seja por isso, que não consegui enriquecer. Mas o que isso importa, pois sempre vivi a vida, do jeito que quis viver. Ora amigos, haveria aqui alguma avis rara assim tão preciosa, pura e cara que é preciso se ocultar? Onde está esse anjo que eu também quero abraçar! Serias tu a tal? Logo tu, que vês nos outros qualidades que são tuas, doce princesa angelical! Não posso me estender, tenho muito a fazer e por isso ando ocupado. Empresta-me já tuas asas, chegarei mais rápido indo assim alado a outras casas. Gostei deveras de um dia ter te encontrado. Como metade de mim já te entreguei, nada te darei além do que já te dei e adeus. Fica então com a benção do Senhor do amor, nosso amado Deus!
Lanzoner Navegante de Outono
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