quarta-feira, 15 de março de 2017

A COR DAS LEMBRANÇAS

Senhor! Não deixai que o tempo envelheça minha aquarela demais, Mudas as plantas que já vão sem mudas onde voam perdidos os pássaros em meus esquecidos quintais. Mudam de cores as folhas caídas de  meu jardim de outono onde as flores já se fazem poucas. Já Se vão em vôo loucas as brancas garças que iam ao sabor do vento soltas e as lebres já não ousam saltar. Envergonha-se a palmeira em ver menos flores na laranjeira, onde não canta mais meu sabiá. Quem me dera poder o tempo parar, ou que ele não fosse assim tão afoito, mudando tudo ao passar. Ah minha linda aquarela a duas mãos pintada, parece tanto com a vida que quanto mais se põe antiga mais se faz valorizada. Parece adquirir uma estranha sabedoria, pois a cada raiar do dia uma nova nuance nela há. Só não envelhece o casal sentado ao lado do lago pois o amor os pôs conservados em tonalidade tão bela. Ora! Pode passar meu ontem e o agora pois uma coisa não me tiras e nem podes mudar na tela. A lembrança que tenho de tudo, meu jeito de ser eu não mudo e, passe o tempo que passar e mude como quiser minha doce aquarela. O tempo jamais poderá me tirar a cor do que penso, a cor da minha esperança que corre livre como criança, da madrugada a quietude, dos beijos da juventude, de sonhos a debruçar na janela. E jamais poderá mudar minha paixão pela vida. Pois um grande amor tem muita cor, seja vermelha ou ocre, tem a suavidade do toque. tem aroma e tem o doce sabor da canela. Não há como mudar despedidas e toda a paz na saudade que finjo ainda nem sentir dela!
Lanzoner Navegante de Outono



Nenhum comentário:

Postar um comentário