Já muito viajei em pensamentos de momentos idos, de batalhas travadas com amores sentidos, perdidos e requeridos em tolos e selvagens envolvimentos. Feri, fui ferido tudo em nome do amor e de encantamentos, onde o que menos importava eram as nossas consciências. Pois homem menino, forte ou franzino desdenha do perigo e não teme o destino. Quando jovem ainda de coração puro o guerreiro não teme conseqüências! Um nobre guerreiro sem armas é movido pela beleza do caminho que percorre, pela flor que nasce ou que morre, pela grandeza das árvores cujo musgo lhe indicam o norte, pelo vôo livre dos pássaros em busca da água limpa da fonte ou pela ausência do medo da morte! Por isto e por tudo que já perdi ou ganhei, hoje só restaram lamentos de momentos ganhados ou perdidos em relutantes movimentos como jogo de xadrez na lembrança. Senhor de meu destino, dê-me novas batalhas em nome desses saudosos momentos, pois ainda carrego em meu peito anseios de aventuras movidos pela minha inexorável e inesgotável esperança. Quero perder ou ganhar outra vez! Perdão moça pelo beijo que não te dei, apenas por inocência ou não perceber os sinais, ou pela ética que me perseguia por respeitar teus irmãos e teus pais. Perdoa por não saber se era a hora de retribuir com mais força teus abraços, perdoa por não saber ler em teus olhos o que de mim querias que em tão doces traços me perdia, perdoa por não satisfazer os desejos que percebia que tinhas, mas a maldita ética me perseguia. Perdoa se te fiz infeliz um dia, perdão por ter te dado pouco do muito que merecias, pois quando amor te dei tive medo de me ver escravizado pelos prazeres que requerias. Hoje após tantas lutas e com coração aberto, se perdi ou ganhei, confesso que não sei. Mas já não me importa que venha então a impiedosa saudade bater-me a porta. Basta-me a minha verdade de que sempre procurei amar o certo! Perdão por não perceber tudo aquilo que teu coração implorava. Mas saiba que até quando ausente me faltavas foram estes os momentos que muito mais te amava. Leal aos meus conceitos me punha freios a consciência malvada. Sempre fui homem e menino e assim como passarinho o que me afligia na verdade, era perder-se em mim a liberdade. Hoje já preso em meu próprio reino, travo batalhas de palavras cavalgando esse negro PC indomável e simplesmente ao cárcere me entrego, restando-me o inalienável direito de dizer: Todo amor que recebi assim retribui. Jamais beijei quem não amei e foram doces todos os sabores neles contidos e que agradavelmente provei. Mas assim como o ponteiro da bússola girei sempre a procura do meu norte, atravessei matas, bebi nas mãos águas de puras fontes, subi montanhas e atravessei rios apenas para não macular dos meus pensamentos as pontes de homem, rei e menino. Certo de que pouco ou nada sei, também nisto não ando sozinho. Embora sem o mesmo ímpeto, seguirei assim meu destino, volto as cruzadas armado de amor e carinho. Avante meu negro corcel, conheces lugares e nos olhares todos tem nos amores os mesmos tamanhos, negros, verdes castanhos e azuis da cor do céu! Faças tu o meu destino, já conheces o percurso ideal do derradeiro caminho! Já não viajo mais ao léu. O que me faltam? Apenas colher uma mera estrela sem dono e vazia de dias, na imensidão noturna do céu.
Lanzoner Navegante de Outono
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