É certo que não podias ouvi-lo, visto que não o tocava, pois o toque que minhas mãos queriam, não eram as teclas frias, daquele velho piano. E sim o toque suave naquele teu corpo esguio de pisar leve e macio que fez de mim seu escravo nessa jovialidade ardente. Da linda menina que se fez mulher que ali em meus braços estava, e que deliciosamente mantinha, minhas hábeis mãos ocupadas. Acariciava teus lisos cabelos dessa linda cor dourada, enquanto a melodia de amor sem notas tecladas, certamente ouvias, pois eram poesia as palavras que ouvir desejavas. Pois a mim te entregavas e com sutis palavras delirantes, nesses delgados ouvidos esse amante exageradamente insano, insistente sussurrava. Quando meu corpo demasiado quente senti enquanto te tocava, sai para refazer os sentidos, vendo atrás da cortina uma sacada. Recuperei o siso, refleti, pressenti, porque alterar da donzela a pureza encantada. Desisti, acovardei-me e, pela primeira vez fugi de tão adorável empreitada. Esse momento jamais esqueci, todavia dou como sinfonia acabada. entendi que se à todo aquele amor me entregava, também me escravizava e assim a melodia que em mim havia, poderia naquele instante ser encerrada. E eu embora apaixonado, não era seu momento virgem dourada. Então dei-te a chance de que um amor igual pudesses um dia encontrar, e eu somente ser feliz com outro alguém e mais nada.
Lanzoner Navegante de Outono
Lindo poema!!!
ResponderExcluirSonia Aparecida Volpi.