Nós somos plantas de boa semente, de nossa vida fazemos rimas, nos versos tracejamos, do amor fazemos prosas. Eu, diferente... Posso ser a presa ou o lobo que fareja tudo aquilo que teu coração sente. Carrego no peito um coração quase vazio e nas mãos uma intenção que pode te ofertar uma rosa gentilmente, ou a mão firme dominada pelo guerreiro que me vai a mente que empunha a espada que a todo mal fere rente. Sempre Podemos ser a última gota de orvalho que o céu nos oferta, ou a lágrima pura que no rosto sujo de um pobre mendigo desliza. Já vivemos pra fazermo-nos conscientes de que o corte da afiada lâmina da espada que alerta é como o bisturi que corta, cura e também cicatriza. Já sabemos também que se não despertarmos de um sonho é certo que ele não se realiza. Quem ama e não sabe que por pouco ou muito que dure um amor jamais será igual a outro e o tempo quando isso acontece previamente não avisa. Apenas uma breve distância nos separa do amor que já se foi e um outro que mora logo ali ao lado da lembrança. Meu amor sempre estará nos sonhos meus e tudo que ela sentir de nós talvez não sinta mais do que eu, ou até nem se lembre daquele terrível dia do adeus. Sempre haverá um lugar vago para um novo amor em toda história, pronto também para ficar indelével como doce lembrança. Até pensei em escrever sobre nossa história um breve romance, mas o tempo anda tão veloz que temo que meu pobre alazão cansado, já não o alcance. Também não creio que com essa juventude em transe, alguma história de amor tenha chance. Sequer ousam entender que quando fecham os olhos ao se beijar, que se o amor for verdadeiro, apenas os olhos da alma conseguem ver a grandeza desse alcance. O amor jamais morre, apenas adormece e descansa. Inerte, espera que lhe sejam ofertados devotados valores pela nota que vai à brisa doce da fragrância. Entrego-me livre aos pensamentos que em minha mente dançam, pois já não me ferem as setas traiçoeiras que em meu peito lançam. Só minha sombra me acompanha nessa ardilosa andança, pois caminha ao meu lado a luz da esperança. Mas quando a solidão de meu quarto escuro me entrego, apagam-se as luzes para que eu sonhe outra lembrança, pois até nem mesmo a sombra que é só minha e que já se escondeu, não mais me alcança.
Lanzoner Navegante de Outono
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