quinta-feira, 6 de abril de 2017

PARA O AMOR, TUDO A CONSPIRAR

Típica tarde de outono, silêncio quebrado em um insistente tic tac de um velho relógio na sala de estar. Num canto o sofá de couro a suar com o peso de um jovem casal a namorar. Cortinas finas balançam ao sabor da brisa que vem de repente acompanhada da costumeira garoa intermitente. A noite já está por se fazer presente e quem sabe venha  aprimorar o ambiente,. Que bom seria agora um carinho e um beijo doce na boca com gosto de chocolate quente! O outono teima e assopra ventos brandos, o chocolate quente submisso a transpirar Numa xícara branca com uma rosa vermelha pintada apenas. Tem como única  função,  esperar por gulosas bocas mornas, uma de mulher que a pinta e outra que se faz pintar. São tão iguais as diferenças de homem e mulher que um do outro fica a espera, para do relógio e do tempo assim abdicar. É essa a real essência do etéreo e uno de um amor que de espaços breves e tão leves se faz passado, futuro e presente em um só lugar. Amores são olhares na mesma direção, falar o mesmo ao tempo que se igual pensa ... é novamente olhar e aguardar a adorável recompensa. Um leve toque de lábios levemente úmidos e mornos, seguido de movimentos mais bruscos em incontrolável ação! Bocas fartamente coladas pela emoção, circulando como se a medida de cada uma estivessem ali naquele momento a se comparar. Não há como negar tempo a essa eterna e doce competição, que cada um faz com o seu jeito igual ou diferente de amar. Agora na casa tudo é segredo, mas sei que pode haver tudo ali, menos medo. Lá fora um temporal se junta ao roteiro e fartas  águas nessa atmosfera são sinônimo de vida a brotar da terra. Chuva venha por favor e venha com meu amigo vento, para curar esse mormaço e esse torpor, mas não deixe o calor fugir do tempo, pois sempre está a cavalgar o vento  no dia em que um poeta sonhador beija fortemente a vida e quer apenas dela compor. Pois ninguém melhor do que ele e o beija-flor sabem que não há tempo certo para surgir um novo amor. Perguntaria então o leigo: E o relógio, o chocolate e o outono? Responderia assim o autor: Que relógios, chocolates, outonos? Agora até a vida sem contornos, nessa historia, paciente no sofá fica a espera. Pois quem manda no tempo é o amor e ao seu sabor vai um doce outono que ousa surgir em plena primavera.
Lanzoner Navegante de Outono



Nenhum comentário:

Postar um comentário