E o poeta com toda a sutileza que lhe era peculiar, fez verso daquilo que estava em prosa. De um traço fez um abraço e da tinta que da pena levemente escorria, fez da cor anil uma rosa e após beijar o papel entregou-o a donzela mais formosa. Assim faz o poeta com seu raro jeito de pensar, Junta toda sua ternura as palavras soltas ao ar. E assim faz versos pois é seu dom versar. Assim como navega feliz o navegante cortando as ondas do mar. Pois é exatamente assim Senhor Tempo, que te tecem loas de seres assim tão bonito, que ouso te desafiar: Quebre os muros de minha solidão, os espelhos disformes do meu passado, as paredes de minhas recordações, quebre as barreiras de todas as emoções, coloque algemas em minha rebelde liberdade, jogue ao oceano essas minhas saudades. Jamais conseguirás mudar as rimas que minha mente cisma, pois vai com tanta realidade inglória, fascinam-me as entrelinhas guardada nos bons e maus momentos dessa minha reles história. Nunca mudarás meu roteiro, pois sempre será apenas minha essa primazia, posto que desconheces o que foi para mim o real e o que vai aquém de toda fantasia ainda bem viva em minha memória. Portanto Senhor Tempo, contenta-te em espalhar minha ternura e, se em momentos de amargura faltar amor em meu coração, as brisas leves de outono me mostrarão uma nova canção. Pois perto de minha alma nem chegarás, pois és feroz e sem qualquer suavidade. O que podes acrescentar-me senão mais alguns anos a minha invulnerável probidade. Assim então te desafio afinal, seja assim como eu feliz e audaz no amor, sem deixar marcas em todos e junto dos espelhos, fazer disso alarde!
Lanzoner Navegante de Outono
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