Já pouco ou nada mais me importa no mundo, do que ter sempre ao meu lado essa mulher que amo e sempre ao brindar-nos a vida uma deliciosa e borbulhante champanhe. Que seja a minha vida uma eterna sala de estar, onde eu a possa cortejar e gostosamente em seu corpo os meus braços enlaçar! E em um sentimento doce de amor em sussurros incontidos, acentuaremos como animais todos os nossos sentidos! Em nossos ouvidos ao som de uma bela melodia, que ritmada e embalada no afinado toque de nossos corações igualmente apaixonados, namoramos abraçados neste nosso jovem amor onde só nós sabemos o que faz a vida ser feita de sonhos dourados. Refletidas nossas imagens em silhuetas nas paredes emprestadas como telas, perpetuarão nossos momentos nesta sala sob as nossas românticas sombras ao sabor de luz de velas, dançamos ou deslizamos sobre todas as cores da aquarela. Só quis nessa vida, ter em meus braços uma mulher que me amasse a todo instante e que sempre houvesse em nossas mãos em temperatura ideal, um amor e uma romântica e deliciosa taça de champanhe borbulhante. Cenário completo pronto para o encanto. Mesa perfeitamente na penumbra arrumada, flores enfeitando a casa, desde os cachepôs sob os balcões laqueados, até os corrimões da escada azul acarpetada elegante. Onde já de pés descalços e com todo o meu amor aos braços, já posso completar o ideal cenário de um romance, mas ainda é cedo e não há outra fantasia que a esses nossos amantes olhos engane. Já é o momento de uma nova taça de champanhe. Seu efeito aguça agora em nós o olfato, que misturando nossos suores e nossas fragrâncias sem frasco, faz sempre o mesmo efeito assim que nos olhamos, tomo-as duas em meus braços, beijando e sorvendo todo amor de fato! Hoje já velho cavaleiro errante, vendo esvair-se em mim essa doce juventude, que já faz transformar-se apenas em sonhos e vendo esses meus belos tempos distante, ainda deparo com um outro jovem amante e antes que o mesmo se ufane, após um leve gole na minha garrafa da lembrança, faço-lhes a velha pergunta: Ah meu caro, já sorvestes dos lábios da mulher que narras assim, de incrível beleza, o inigualável gosto do amor, misturado ao sabor de uma boa e velha champanhe francesa?
Lanzoner Navegante de Outono
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