segunda-feira, 24 de abril de 2017

SEM QUERER RECORDAR, RECORDANDO

Garçom, por favor peça para esse pianista, essa música  parar de tocar, ele bem sabe a quem ela me faz recordar. Ele só não sabe que eu não posso mais ouvi-la, pois me lembra que a parte da vida que mais queria, perdi em algum lugar e até acho que ela não mais vai voltar. Peça que ele tenha compaixão deste amargo coração e que toque uma canção mais alegre e que mude a minha emoção pois o meu coração está reggae quando o normal é blue star. Faço já uma pequena trilha, minha cabeça não é uma ilha e posso de repente tudo mudar. Espalhei sementes de flores tendo elas todas as cores, para ficar fácil ao pedaço de mim que aqui não está, possa este vivente tolo encontrar. Ou sirva-me mais um trago deste transparente gim, para que eu inventarie o estrago, que ela deixou estocado, em pensamentos amargos dessa bebida chamada paixão, que a vida fez de mim. Sai pra lá com essa conta, eu não vou sair daqui assim, vou esperar por ela, pois quem sabe não seja hoje o momento dela vir até aqui, pois também teve um dia ruim. Amanhã construirei outro caminho, deixo de lado a gravata e o colarinho, boto meu jeans surrado, uma camisa negra, meu cordão dourado um sapato de sambar quadradinho, vou fazer meu próprio carnaval de folia, não vou mais pisar de mansinho. Vou procurar amor em outros olhos, afinal amanhã será outro dia e o que um sambista navegante não quer é  por uma mulher chorar, enlouquecer ou fazer sua batucada sozinho. Sigo embriagado e enjoando desembarcado da alegria, na praia longe do balanço do mar. Ou que venha logo essa onda breve, empurre essa emoção de volta carregando-me em vento leve, em balanços de marear. Até o tempo em que  era azul o oceano e e a minha praia era só minha e de areia branca e pura, desse namoro  gostoso de  demorar. 
Lanzoner Navegante de Outono




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