Quando me sufoca a desesperança eu me faço criança, mergulhando na espuma que as ondas do mar ao calor da praia lança, fazendo a espuma esmagar a bruma que em meus sentimentos há. Vestindo as cores de um camaleão, roubo barbatanas de tubarão e as ilhas da terra do sempre nunca eu me faço viajar. Terras de intocável natureza, lugares de rara beleza que só em nossa memória há. Desembarco em areias brancas como as nuvens que posso ainda avistar. Pássaros de raras cores sobre minha cabeça a voar. Sempre que aqui venho alguma mudança a saudável mãe natureza tem a me mostrar. Já são várias as nascentes de água pura, que ao tomar um breve gole, já sinto mais forte a vida em mim pulsar. As cores das flores e das frutas aqui são tão vivas, que dá raro prazer em comer e apreciar. Os coqueiros não são altos e é fácil um côco alcançar, tem tanta água no fruto que a sede de um dragão ela pode saciar. Adentro a mata tão densa e multicor que parece que estou a beijar meu amor. Bromélias, são belas, orquídeas são níveas, há lírios de toda cor. Os animais aqui não são feras o que fazem é observar, enquanto subo barrancos agarrado aos cipós, vejo ao longe a cachoeira que desliza a ribanceira parecendo a minha amada com braços largos a me esperar, para matar novamente minha sede mergulho em sua rede para o calor de meu agora corpo jovem, finalmente aplacar. Agarrado aos pés da pernalta saracura, deixo esvair-se de mim a amargura e me agarro a ternura do canto do sabiá. Ah Brasil, país que já me fez feliz, Parati ilha tão linda eu não vou jamais voltar, já roubaram as palmeiras, afrontaram bananeiras, corruptos fazem suas feiras e as aves que aí não gorjeiam, arribaram-se paracá e saudades de minhas morenas trigueiras é só o que vai me restar, fico aqui entre olhos morenos das minhas amadas índias pequenas açaí, ananás e guaranás. Aqui não há padrões de beleza, todos são iguais, assim dizem os animais. Ah terra igual, no mundo já não existe e não mais existirá. Ela existe nos sonhos daqueles que sabem amar. Só tememos a pior de todas as feras, o homem que se aqui chegar por certo também a destruirá!
Lanzoner Navegante de Outono
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