És cascata sem direção, contra ti não existe barreira, és mulher, és desordenada cachoeira, atinges sempre este teu chão com águas limpas ligeiras e meu pobre coração com tuas setas certeiras. És frondosa árvore, tão bela e altiva, teu sorriso é o meu mais maduro fruto, tua boca a minha vermelha flor em cor mais concisa! E eu, posso ser toda a tua proteção na natureza ou apenas teu verdugo. Amo-te inteira, prendo-me em ti e daqui não me movo, pois aqui és a minha guarida! Eu sou teu amor estranho, sou o que fores, és minha vida, sou teu recluso! Sou o que te cobre toda, sou o teu indesejável amigo musgo. Aqui preso em ti me sinto em desuso e não me consolo. Preferiria ser o pássaro que te olha, voa ao teu redor, leva de ti o pólen, seiva do teu amor, se cansado em teus galhos se prende e deita-se em teu colo! Invejo-o! Emprestou-lhe Deus o corpo miúdo que em ti é apenas mais uma cor, repousa cantarolando enquanto admira-te todinha em flor! Eis então o meu ofício que tanto causa-me dor, serei sempre o corpo que te cobre, mas jamais a verei inteira e nem terei teu amor! É esse do amigo no teatro da vida o principal papel , guardar-te, escudeiro sempre fiel. Que a protegerá sempre para que outro venha e lhe absorva o mel!
Lanzoner Navegante de Outono
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