Ah infiel tempo que de mim se vai, já visitaste-me filho, encontraste-me jovem, homem feito, de nada valestes pois nunca te fizeste perfeito, quanto mais passas mais longe nos leva em idades, de heranças deixas memórias, lembranças, saudades. deixas sonhos, tempos risonhos ou apenas histórias. Quantas palavras contidas foram perdidas pois me impedistes de ter tempo para permitir a coragem me seduzir e te desobedecer em lutas inglórias. Quantas vezes tive que partir sem ao menos sussurrar para a mulher que amo um breve e triste adeus. Ela já deveria saber que para o amor nada é proibido, seu corpo estava prometido mas o seu coração não. Ela se foi e meus dias por mim passaram se desfazendo em versos que não se fizeram canção. Mas este amor incontido assim como folha solta aos ventos de outono, demoradamente planou mas não perdeu seus vincos e tampouco a cor. Hoje desejei um bom dia ao mundo sem sequer ver os primeiros raios do sol ao alvorecer. Sigo em confusos pensamentos a me perder. Pois sou apenas mais um vulto mergulhado em solidão aguardando se aproximar a escuridão do anoitecer, para em versos me encontrar ou me perder. Mas sempre fui guerreiro e assim sempre serei. Quando um novo dia surgir, sólidos muros de tempos perdidos saltarei e ao teu encontro irei. Pois antes que me abandonem totalmente as forças, quero apenas mais uma vez ser teu rei. E ao olhar fixamente em teus olhos, ver o final do inacabado filme de nós dois, de amor quase perdido mas de sentimento igual. E então selado com um último e longo beijo, teremos finalmente o nosso feliz final. Mas se antes que o pó do tempo venha meus olhos turvar, a minha última folha de outono irá te avisar, que enquanto houver uma única estrela no céu a brilhar, este velho e teimoso navegante vai te amar.
Lanzoner Navegante de Outono
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