Gosto do silêncio da madrugada, do barulho da chuva e de doce que se come de colher, gosto de vinho de boa safra, de ouvir boa música que seja de bom ritmo qualquer, pois cada um gosta do que quiser. Só sei que do que mais gosto é acordar pela manhã ao canto de passarinhos, tendo ao meu lado e bem abraçado o suave e perfumado corpo de uma mulher dona de doces carinhos. Espreguiçar o corpo todo, a Deus fazer uma breve oração, agradecer por mais um novo dia, e dar um novo e longo abraço por estar com quem mais queria a escolha do meu coração. Todo o meu sentimento é profundo, sou legítimo e único dono dos meus dias e de tudo que a vida me deu e dará neste pequeno e misterioso mundo. Mas como posso de algo que nem sei se fui eu quem vi primeiro, afirmar com certeza que é apenas meu. Quem é que bem aventurado lembra do dia e de quais entranhas nasceu. Por isso digo que pouco ou quase nada sei. Quem pode afirmar com certeza se é bastardo ou rei? Se tem nas veias sangue melhor o nobre ou que seja sangue reles o pertencente ao plebeu. Quem de vós recebeu pão partido e vinho do cálice bebeu, servido pelas mãos do único e verdadeiro rei, que só morreu crucificado por haver sido traído por Judas e depois condenado pelo seu próprio povo judeu? Senhor eu só levo a vida que me destes. Mulher te vi correr linda lisa, pele rosada e totalmente sem vestes entre perfumada alameda de ciprestes. Vi brincar meus netos que de nada são herdeiros em alamedas de pinheiros. Conheço todos os perigos da noite e águias de pouca tolerância já me benzeram primeiro. Tenho o faro de cem lobos e sei farejar o bem e o mal em qualquer ambiente rasteiro. O que me fez aprender que só devo declarar amor se o sentir por inteiro. Por isso quando o meu fim chegar imploro a Deus que seja eu a dizer adeus primeiro!
Lanzoner Navegante de Outono
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