Enquanto o sol rubro e flamejante como sempre, brincava de se esconder, nós deitados e abraçados junto a relva fina em apaixonados e delirantes beijos sussurrados com sabor de hortelã, esperávamos a lua com toda sua neutralidade vir observar e imaginar como seria bom o nosso amanhã. Tudo era lindo, mas o tempo algoz muda tudo em nossa vida e até a nossa voz que era só melodia hoje anda grave e assim tão rouca, que nem cabe mais aqui lamentar mais a nossa vida louca, pois tudo que passamos já não se passará, já não te envolverei em meus braços e já não teremos tão unidas as nossas jovens bocas. Ainda ontem pensava em você e como era lindo o nosso adormecer e despertar antes do sol nascer de respirar profundo. Nosso maior pecado foi sempre pensar que era só nosso o mundo, dávamos de ombros ao tempo que passava mudo e que esse sonho nada mudaria, pois em nossa juventude o amor ainda era tudo. Hoje apenas me arrependo de não ter te amado muito mais a cada segundo. Hoje na vida a refletir sobre tantos versos que fiz sem qualquer rima, já sei que o tempo passa depressa e a vida segue sempre em frente, pois nela não há esquina. Vejo então que o amor jamais usou relógios e neste nosso eterno envelhecer representado na distância que há entre nós, que já foi tal qual do vale profundo montanha acima, passo os dias a ver o trem a passar sobre a colina e sei que ele carrega o tempo que a frente vai esparramando saudades em densa neblina. Sua carga é feita de tantos sonhos daqueles que ficam e dos que vão, que assim como eu insistem em duelar com o senhor tempo usando como arma apenas um coração. Em meu presente viajo ao passado juntando o ontem com o hoje abraçado ao amanhã colocados em confronto, medindo a força de meus pensamentos que caminham entre as quatro estações trazendo você e aquele nosso amor ao meu encontro. Todo grande amor é tão forte que o tempo jaz, então meu amor me prometa que assim como eu vai caminhar comigo e sem olhar pra trás.
Lanzoner Navegante e Outono
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