De vez em quando naqueles momentos vazios onde mora a solidão, sentado à margem do tempo com os pés mergulhados no manso ribeirão, tento escapar da minha desesperança, me bate uma saudade dos meus tempos de criança, me desligo do silêncio e me entrego a saudade que em minha mente avança. Caminho até a velha praça, onde mora a mesma velha árvore onde pendurávamos a corda e fazíamos a nossa balança. Ainda estão lá riscados pelo velho canivete entre um coração dividido por uma seta o teu nome e o meu, fato que ainda mais tua lembrança me acerta. Fecho bem os olhos e em minha fértil imaginação, sonho que atrás daquela árvore ainda existe pra nós uma porta aberta. Sempre foi meu melhor defeito caminhar ao lado do intangível e acreditar que quando por amor a gente erra, o tempo generosamente tudo conserta. Só quem tem o dom de perceber na vida o que é bom e bonito, pode planejar atravessar mares e na altura do céu azul, construir uma longa ponte, alicerçada só de amor em direção ao infinito. Pois para quem ama tudo é tangível e não há em nenhum contexto a palavra impossível também. Sei que sempre será minha a primeira folha de outono a se soltar, sei que mesmo quando não o vejo pela manhã, entre as nuvens o sol vai estar. Quero a primeira gota de orvalho do sereno da madrugada da ponta da folha da árvore se soltar e a minha boca encontrar como se fosse um beijo teu querendo a minha sede testar. E quando existe verdade na saudade, dou graças a vida, pois enquanto viver em mim essa sua falta, sempre digo... Ainda bem, vou mais uma vez dela lembrar!
Lanzoner Navegante de Outono
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