sexta-feira, 23 de junho de 2017

VÍCIO DOS APAIXONADOS

Solidão, vício interminável da alma. As vezes dói, outras, muros intermináveis entre a doce lembrança e a saudade constrói. Alheia a percepção dos mais audazes irmãos siameses, reside com pompa e opção no coração dos sábios e indecifráveis monges chineses. Ela é como uma planta que desistiu de florir na primavera, negando abrigo a uma insólita gota do sereno de uma madrugada chorosa, que teimosamente  presa em suas folhas reluta cair ao chão. Está presa em um coração como em uma cela, manifesta-se no ranger da vida em uma porta ou cancela, insiste em nos mostrar  o apressado rugir do relógio isolado e preso as brancas ou coloridas paredes da sala. Remonta um passado que acorrentado anda há muito em nossa indelével memória.  Faz a conta da lágrima contida no arrepender-se da inerte timidez, que da palavra pensada e não dita assim se fez, do silêncio amargo do poeta a deslizar suas rimas nessa necessidade premente de provar que tudo é amor. Até mesmo a dor da ausência que no coração dos bons se faz presente.  Rude ausência do que se foi, mesmo quando ainda resta uma mínima esperança de imaginar-se desse amor ainda ser o dono do poder. Rude solidão dada aos aflitos, da intolerância de se achar escolhas para o mais feio, o mais bonito, o mais magro, o mais obeso e em cada um por um peso, desde o mais imperfeito até o que carrega todos os quesitos. Vá de retro solidão! O amor é de todos sentimento, o mais digno, real,  profundo e capaz de povoar sonhos, sejam eles os mais irrestritos, desde que para ambos seja a ideal presença de uma única emoção que os alimente.  
Lanzoner Navegante de Outono



Um comentário:

  1. A solidão e a pior inimiga do homem, o amor qdo chega e é correspondido, tona-nos até mais bonitos.sempre bom ler teus poemas, amo.

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