segunda-feira, 7 de agosto de 2017

TEATRO DE REPETIDO ESPETÁCULO

E todos indagam curiosos ao poeta, que propositadamente sempre deixa uma porta a mais aberta. Onde achas tua inspiração? Sofres de fato essa solidão? És feliz? Ele amavelmente sempre diz: O que é a felicidade, me diga!  Nem sempre aquele que sorri esta de fato feliz. O poeta sente tudo diferente, ele ama suas lembranças fervorosamente. Para ele nenhum amor jamais morreu, apenas achou uma fenda no tempo e ali adormeceu. Foi feliz ao ter a sorte de ter seu amor nos braços, ao sentir seu aroma, entregava-se aos sonhos ao recitar-lhe seus traços. Teceu-os a essa boca pequena de onde provou tanto amor que aquele delgado corpo irradiava, mesmo após um imenso mergulho em um viver de delícias do a mar de profundezas e depois surgir numa emersão sem cansaço com todo o prazer das delicadezas. Feliz é quem lembra de tudo na vida. Da infância traquinas e da juventude timidamente atrevida. Que sabe de suas verdades e dela jamais fez alarde e seus segredos os tem bem guardados em seu inviolável receptáculo. E quando lhe atingir feroz a anosidade, não a lamentará, pois se saber vive-la é uma arte, será ele o protagonista, artista desse vida, que nada mais é que um teatro de repetido espetáculo. E se o amor tem nessa peça sempre  o maior espaço, ele avança no tempo sem temor de fracasso, pois recordar bons momentos é aquilo que ele faz de melhor. Sempre esperando um novo sonho pelo caminho ele avança sem cansaço, pois em cada passo, pode haver uma nova e bela visão de uma linda flor na sua natureza e nela pode haver um novo traço, um abraço, ou um novo amor.
Lanzoner Navegante de Outono



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