Era noite de lua cheia, caminhava eu descalço a beira-mar sobre a areia. quando a vi observando o mar onde só as brancas espumas conseguiam seus pés alcançar. Vestia um branco quase transparente que chamou minha atenção. De silhueta perfeita talvez fosse ela a eleita do meu rebelde coração. Sempre soube que na vida a paixão pode ser apenas um traço, o amor uma linha inteira de imperfeição do juízo e o romance junta os dois sentimentos fazendo deles um livro ou talvez uma bela canção.. Seria ela a espera de minha quimera? Morena, média estatura, longos e negros encaracolados cabelos, a distância foi apenas o que podia notar... Quando de repente se virou e veio em minha direção, fez tremer em mim mais uma nova emoção. Só podia ser bela quem observava a beleza do mar à noite sob a luz do luar. Mas não poderia ser meu tal tesouro. Era eu um simples navegante de outono e quem não saberia que tal tesouro já tinha dono e ali estava ele o seu escolhido par. Mas o que estaria ela fazendo sozinha com olhar perdido ao mar... Seria ela apenas mais uma poetisa a procura de se inspirar? Se nos reencontramos... Sim e a sua revelação me deixou sem ar. Aquele que na noite passada a abraçara era seu pai e ela estava naquela noite completamente só sobre a vida a divagar, havia saído há pouco de um mal relacionamento que tinha que se acabar. Então ali, naquele mesmo lugar, ficamos os dois a divagar. E quando dois corações solitários se encontram já sabemos o que esperar. De repente um beijo e outro depois. Agora já não éramos um e uma, éramos dois a aproveitar da mais doce fortuna, o amor que completa que tudo conserta e aí a vida apenas flui e coaduna. Mas se num mal fadado dia ruir essa coluna, pelo menos um de nós há de se lembrar
Antonio Carlos dos Santos
Lanzoner Navegante de Outono.
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