Não sei quando e como em alguma fenda do tempo, aquele meu outro eu nessa esfera um dia se perdeu. Com ele se foram partes dos sentimentos puros e quase todas as esperanças e sonhos de um tempo melhor com ele se desfez. Passaram-se anos, mas sinto que algo que havia nele em mim nunca se perdeu. Ainda sinto o sabor do seu melhor beijo de alma pura e as iris dos seus olhos de tanta formosura, teimam em brilhar fielmente nos meus. Ainda ouso sentir a leveza do cetim a lhe cobrir a pele de dourada envoltura. Prendo então em minhas mãos macias essa sua delgada cintura. Sinto que sou a mesma ternura, a fazer colheita de amor em sua lágrima mais pura. Sou seu guerreiro que morre em tua lembrança, por ser as vezes criança que balançava nas cordas da esperança e subia na estrela da mais longa altura, para te trazer sempre à boca carnuda o doce sabor da fruta mais madura! Hoje quem lhe escreve é apenas meu outonal coração, viajando em sonhos como folha solta até alcançar o chão. Mas sinto que a solidão também a mantém presa às sombras de um jardim de inverno em lembranças que ainda afetam essa sua cálida e inerente imaginação.
Lanzoner Navegante de Outono
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